domingo, 25 de dezembro de 2011

(In)Feliz Natal





Todos os anos eu fico muito apreensiva com a chegada das "festas de final de
 ano", já há algum tempo eu venho colecionando amargas desventuras a cada 24 e 25 de dezembro. A data "máxima da cristandade" me deixa tensa, ansiosa, me sentindo completamente invadida e me forçando a criar, ensaiar e manter um personagem que me permita participar das festividades hipócritas e trocar sorrisos amarelos com um monte de gente que sequer lembrou ou tomou conhecimento da minha existência nos quase 360 dias anteriores a este "evento familiar". 

Pela primeira vez me permiti ficar longe das críticas e opressão dos meus pais, pela primeira vez em muito, muito tempo eu não fiquei na casa deles... Pensei que seria muito bom pra mim, mas como tudo que acontece na minha vida, teve um lado bom e um outro lado pior ainda. Sinceramente, depois de tudo que aconteceu, acho que preferia estar na casa dos meus pais, enfrentando meus antigos fantasmas outra vez, pelo menos lá os inimigos são conhecidos de longa data, mas o que eu consegui foi criar uma nova ferida em meio a tantas já existentes e não espero que ninguém me entenda ou concorde comigo, simplesmente quem não sabe como é estar neste assombro claustrofóbico que me cerca não pode opinar ou pelo menos não deveria, somente quem vive aqui dentro sabe como é frio e solitário.

Eu me precipitei, fui pra um lugar e não estava preparada pro que aconteceria lá, me senti mais uma vez diminuída, me senti mais uma vez dando vida ao personagem que convive com muitas pessoas ao mesmo tempo e disfarça o caos que isso gera com sorrisos e conversa fiada. Mas, fui atacada mais uma vez e como dói ter que controlar minhas respostas e atitudes de auto defesa em prol de alguém que muitas das vezes nem está se dando conta do meu esforço. Mas ainda assim, tentei controlar a onda como deu, respirei fundo, tentei segurar com uma frágil linha o touro ensandecido que habita aqui dentro de mim e me esforcei muito pra controlar meu sistema de sarcasmo ou agressão física à "mulherzinha" que me provocou, medidas essas que não me livraram de uma "mini-crise" em forma de DR, nem dos tremores, nem da dor de cabeça, nem da vontade de chorar e sumir...

Quero organizar o pensamento e descrever o que aconteceu em mais um (in)feliz natal da minha encarnação borderline, mas hoje não... a raiva ainda está circulando pelas minhas veias, daí eu mordo meus lábios por dentro, o coração dispara a cabeça vai a mil e eu me perco de mim mesma. Por hoje, me serve este desabafo, assim como disse Arjuna à Krishna no Bhagavad Gita: 

 " Pois a mente, ó Krishna, é inquieta, turbulenta, obstinada e muito forte, e a mim me parece que subjugá-lá é mais difícil que dominar o vento"

O dia hoje (a caminho de casa) foi triste e cinza, mais uma briga, mais uma crise, mais uma ferida, mais uma sensação pungente de derrota e impotência. Estou cansada de dar tantas voltas no mesmo carrossel mal assombrado de sempre. Meu corpo pode ser de mulher, meu diploma universitário pode comprovar minha idade cronológica, minha cara amarrada pode intimidar, mas o que ninguém vê, o que ninguém sabe é que aqui dentro deste corpo ainda vive uma garotinha, uma criança medrosa, frágil e insegura que deixou de brincar boneca e que agora brinca de pique-esconde no mundo real onde ninguém entende a brincadeira de se esconder do mundo pra proteger a si mesma.
Ser borderline dói apesar de as pessoas pensarem que ser borderline só machuca aos outros... Ser borderline dói!


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