segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Identidade Secreta

Não posso me assumir publicamente, sendo TPB, fiz esse perfil só pra tratar desse assunto e não sofrer preconceitos. Porque diferentemente de um câncer, as doenças mentais não geram piedade em ninguém, geram somente o preconceito e os pré conceitos. Não quero que me olhem como uma louca, não quero ter as portas fechadas pra mim, simplesmente porque sou doente. E tá, dizem que TPB não é doença, mas eu me sinto mal a maior parte do tempo, e pra mim isso é estar doente.


Não gosto de crentes.

Quando penso nesse assunto meu corpo se contrai de angústia, meu coração acelera no peito, os olhos ficam molhados de lágrimas, os dentes ficam cerrados, os punhos se fecham e o ódio circula juntamente com meu sangue... Não quero que tentem me converter e não estou com vontade de procurar as boas ovelhas do rebanho. Atualmente, tenho minhas próprias convicções, mas esse assunto surgiu num post de um grupo TPB, e eu me abri, me abri tanto que resolvi publicar minhas palavras aqui no blog. Este é um dos assuntos mais delicados da minha vida, que me assombra e que eu evito abordar... Enfim, as mãos trêmulas e a respiração ansiosa me obrigam a terminar o que comecei... Foi no final de 1996, início de 1997 que meu mundo começou a desmoronar...

"Eu, honestamente, não gosto de crentes (evangélicos)... Imagine só, minha melhor amiga é lésbica, ela estuda comigo, na nossa turma tem um crente, certo dia, no meio de uma conversa ele disse assim pra ela: "no dia que você conhecer Jesus ele vai te libertar e você vai deixar de ser sapatão" Quer dizer, ela é lésbica por obra de um demônio?! Que preconceito irracional é esse?!"

 As pessoas distorcem muito o que leem e interpretam tudo da forma como elas querem. Sofri muitas decepções na igreja que minha mãe me levava a força. Na minha família, ninguém nunca levou minha doença a sério, pois eles acreditavam no pastor e se ele dizia que eu era endemoniada ao invés de doente, eu era endemoniada. Aos 18 anos meu pai resolveu me largar de mão, não pagou minha faculdade porque dizia que eu não ia prestar pra nada nunca. Eu saí de casa, passei muito sufoco, consegui batalhar pelo meu diploma e claro, peguei ódio da corja evangélica que, me colocaram na sarjeta como uma marginal sem cura.


Pra eles funcionava assim, ou aceita Jesus e pronto, você é liberto e perfeito em nome do Senhor ou fique com seus demônios longe de nós. Eu era tratada como uma leprosa, eles me julgavam, passavam horas com a mão na minha cabeça me rodando pra lá e pra cá, e claro, com o transtorno a flor da pele, algumas vezes eu me irritava e empurrava a pessoa ou me desvencilhava pra fugir daquilo e aí eles afirmavam mais uma vez: "tem demônio". Foi uma época de tanto sofrimento, de tanta lavagem cerebral... 

Por alguns meses eu acreditei mesmo ser endemoniada e ficava me forçando a aceitar um Deus cruel, mas não dava em nada, eu não sentia presença alguma dele em momento algum...

Só me sentia maldita, infeliz, inferior, mal compreendida e queria morrer... Foi a pior época de todos os 30 anos que tenho de vida. Quando meus pais entraram pra igreja, posso dizer que minha vida acabou, que o transtorno tomou conta de mim de maneira avassaladora...

Hoje em dia, eu educadamente, dispenso os crentes da minha vida. Cansei de ser condenada ao inferno, cansei de gente tentando me modificar, cansei de gente que não respeita a religião dos outros. Cansei da facção dos super santos. Cansei!

Eu gosto mesmo é de gente bem resolvida, feliz e com a cabeça livre de preconceitos.






Longe de mim generalizar, mas é que no meu caso, ficou uma mágoa muito grande...

domingo, 30 de dezembro de 2012

Entendendo o Abandono Borderline




Imagine o terror que você sentiria se você tivesse sete anos de idade e estivesse perdido e sozinho no meio da Times Square em Nova York. Sua mãe estava lá um segundo atrás, segurando sua mão. De repente a multidão a arrastou para longe e você não conseguiu mais vê-la. Você olha ao redor, freneticamente, tentando encontrá-la. Os desconhecidos olham de maneira ameaçadora para você. 

Assim é como as pessoas com TPB se sentem quase toda a hora. Isolados. Ansiosos. Estarrecidos com a idéia de ficarem sozinhos. Felizmente, pessoas apoiadoras são como rostos amigáveis no meio da multidão, oferecendo sorrisos, ajuda, e um abraço aconchegante. 

 Mas no momento que fazem algo que sugere uma partida iminente - ou fazem qualquer coisa que o border interprete como um sinal que eles vão partir - o border apavora-se e reage de diversas formas, desde uma explosão de raiva a implorar para que a pessoa permaneça. 

 É preciso muito pouco para engatilhar o medo do abandono – uma mulher borderline se recusa a deixar sua companheira de quarto sair do apartamento para a lavanderia. O medo do abandono pode ser tão forte que pode oprimir o border e o conduzir a reações ultrajantes. 

 Por exemplo, quando um homem disse a sua esposa border que tinha uma doença potencialmente fatal, ela enfureceu-se com ele. 

Às vezes a pessoa com TPB lhe dirá francamente que está com medo de ser abandonado. Mas mais freqüentemente, este medo se expressará de outra maneira - raiva, por exemplo. 

Sentir-se vulnerável e fora do controle pode ser uma situação provocadora de raiva. 

Se um border foi negligenciado quando criança ou cresceu em uma família severamente disfuncional, pode ter aprendido a lutar negando ou suprimindo seu terror de ser abandonado. 

 Após muitos anos de prática, eles não sentem mais a emoção original. Quando o border da sua vida se torna descontrolado ou irritado, pode ser de ajuda pensar se alguma coisa que aconteceu tenha provocado seu medo de abandono. 

 (fonte: trecho extraído do livro Stop Walking on Eggshells)

sábado, 29 de dezembro de 2012

10 Estratégias de autocontrole

O auto controle está diretamente relacionado com a o controle do impulsos dos portadores de TPB e pessoas no geral. Seguem 10 estratégias brilhantes para o desenvolvimento dessa ferramenta:


1)Como ter autocontrole – Respeite o seu limite

Um dos maiores riscos para o autocontrole é não respeitar o seu limite. Nas áreas que mais nos controlamos é que temos maior dificuldade para suportar possíveis tentações. Reconheça quando seus níveis de autocontrole estiverem baixos e procure encontrar um caminho alternativo para evitar os impulsos e vontades que não devem ser correspondidos.


2)Como ter autocontrole – Faça um comprometimento antecipado

Se comprometa com sua decisão antes de se envolver na situação tentadora. Isso é difícil porque normalmente queremos deixar todas as opções em jogo, mas, na realidade, isso prejudica ainda mais o desempenho de quem quer controlar as próprias atitudes e emoções. Se seu problema é com dinheiro, por exemplo, faça um comprometimento antecipado de que não irá gastar mais do que seu limite seguro por mês.


3)Como ter autocontrole – Use um sistema de recompensas

Recompensas podem funcionar muito bem para fortalecer o autocontrole. Todas as vezes que conseguir evitar determinado impulso e ser bem sucedido em uma situação tentadora, premie-se com algo que gostaria muito de fazer ou ter.


4)Como ter autocontrole – Ou um sistema de penalidades

Da mesma forma que você usa recompensas, use penalidades para desenvolver seu autocontrole e percepção de riscos. Ao errar, tire de si mesmo privilégios que valoriza muito como, por exemplo, acesso a redes sociais, doces ou sair nos finais de semana.


5)Como ter autocontrole – Combata o inconsciente

O inconsciente pode ser parcialmente culpado por muitas de nossos erros ao tentar resistir às tentações, já que ele entra em conflito constante com nossas decisões racionais. A dica é simples, mas difícil de por em prática, tente lutar contra as tentações em sua mente, para que elas não se desenvolvam em futuras ações.


6)Como ter autocontrole – Controle suas expectativas

Para manter sua motivação mais alta do que seus impulsos, coloque suas expectativas a seu favor. Ao invés de pensar que nunca irá conseguir, tenha expectativas positivas de que servirão como motivação para continuar.


7)Como ter autocontrole – Ajuste valores

Da mesma maneira como você pode pensar de maneira otimista, é bom que ajuste seus valores e princípios para que fortaleçam você em momentos mais difíceis. Quando valorizamos mais esses fatores do que o objeto da tentação, fica mais fácil de resistir a ela e considerar os fatores de risco e consequências.


8)Como ter autocontrole – Emoções

Se você não tiver uma boa imagem de si mesmo, será ainda mais difícil de desenvolver ao autocontrole. Tenha opinião positiva e motivadora sobre si mesmo, sem deixar que as outras pessoas ou circunstâncias determinem a maneira como você deve se sentir.


9)Como ter autocontrole – Faça afirmações

Muitas vezes ter autocontrole significa evitar maus hábitos. Uma maneira de fazer isso é usar auto-afirmações. Isso significa usar frases e palavras para reafirmar aquilo que você acredita, busca e quer manter equilibrado em sua vida.


10)Como ter autocontrole – Pense de maneira abstrata

Pense em porque você está fazendo algo e não em como está fazendo para pensar de maneira abstrata. Esse tipo de mentalidade ajuda a elevar o autocontrole e a persistência em resistir.


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Fifty Shades of Grey Soundtrack




No carro, depois do elevador... The Flower Duet (Lakmé)
No mesmo passeio de carro... Sex on fire (Kings of Leon)
Christian tem um lado triste no piano… Adagio from Concerto No 3 in D Minor (James Rhodes)
Fazendo o café da manhã... Misfit (Amy Studt)
Dirigindo de volta para WSU... I’m on fire (Bruce Springsteen)
Fazendo cooper … What if this storm ends? (Snow Patrol)
Música de fundo... Bachianas Brasileiras No. 5, Aria (Villa-Lobos)
Dançando pelo apartamento… Witchcraft (Frank Sinatra)
Dirigindo para alcançar o amanhecer (parte 1)... La Traviata – Prelude to Act 1 (Verdi)
Dirigindo para alcançar o amanhecer (parte2)... Toxic (Britney Spears)
Dirigindo para alcançar o amanhecer (parte3)... The Blower’s Daughter (Damien Rice)
De volta para casa na parte de trás do carro... Canon and Gigue in D Major: I. Canon (English Concert & Trevor Pinnock)
Sexo no quarto vermelho… Spem in alium (Peter Phillips and The Tallis Scholars)
Christian no piano mais uma vez… Prelude in E-Minor (op.28 no. 4) (Frédéric Chopin)




domingo, 16 de dezembro de 2012

Vai pro inferno sogrinha. E leva um vibrador junto!!!

Sabe... é o cúmulo do absurdo ter que aturar histeria de sogra mal amada. Ter que aturar a megera fuçando sei lá onde pra descobrir o meu endereço e mandar uma surpresa de mal gosto na minha porta bem no aniversário do meu marido, às onze horas da noite. Ter que ouvir um monte de abobrinhas de uma velha fútil que parece estar falando de um menino virgem de 14 anos e não de um homem feito de 30. É muita perturbação! Daí resolvi mandar meu último recado pra ela via e-mail, porque não pretendo perder meu tempo com quem já perdeu tudo na vida. Essa é pra você H*******

"Respeito é bom e eu gosto. Você decidiu colocar seu filho pra fora de casa trocando a fechadura covardemente enquanto ele estava viajando, desde então ele não quer mais saber de você. A escolha foi sua, o problema é todo seu. O que eu tenho a ver com isso?! Tenha um pouco de bom senso e se olhe no espelho. 

Você diz que estou cegando o seu filho. Você tem certeza disso?! Cego ele era na época que vivia sob seu domínio, acordando as dez da manhã e ficando na internet o dia todo sem fazer nada, além de ser seu garoto de serviços. Você o alienava num mundinho doente criado por você. 

Comigo, ele aprendeu o que é ser homem, o que é ser responsável, o que é ser maduro, o que é ter opinião, o que é lutar pelos sonhos, o que é trabalho, o que é vida!

Nota-se claramente que você tem uma necessidade imensa de atenção e de perturbar a paz dos outros. Não me interessa saber que métodos escusos você utilizou pra obter o endereço no qual eu vivo feliz e em muita paz com o meu marido, a única coisa que me interessa é saber que a porta desta mesma casa nunca se abrirá para você ou para qualquer pessoa por você enviada.

Não me impressiona que uma velha fútil e solitária como você não saiba o que é respeito à privacidade e às escolhas das outras pessoas. Tudo que você faz na vida é se esconder dentro de uma igreja pra manter uma mentira viva pra você mesma, a mentira de que você é perfeita e quer o bem de todos. Mas a realidade diz outra coisa. Quantas pessoas você tem ao seu lado que você pode dizer que realmente te amam? Quantas pessoas fariam qualquer coisa por você? 

Continue sua vidinha fútil e vazia de igreja e salão de beleza e nos deixe em paz.  O meu marido não escolheu ser seu filho, mas escolheu ser meu homem, goste você ou não. 

Faça o que quiser, não vou mais me incomodar com uma velha solitária fazendo escândalo nos dias amargos da sua solidão.

Nossa porta jamais se abrirá pra você. Você jamais vai segurar um neto no colo ou sequer ver uma foto dele. Nem no seu enterro nós iremos, pois você já está morta H******, morta! (Pois a verdadeira morte é o esquecimento, e você já está esquecida!)"





Amo tanto que chego a me sentir mal.


Desde criança passei a ter ódio de todos os humanos em geral... e isto só porque amo demasiado e sinto demais por todas as pessoas, pelo menos eu acho. Eu as amo tanto e elas me fodem com força, sem dó, nem piedade.

Não consigo superar a frustração, o ódio, a culpa e a empatia que tenho por todos. 

Existe o bom em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que chego a me sentir mal.



Neste momento estou fervendo de ódio da pessoa que infelizmente tenho que me referir com um pronome possessivo "minha sogra". Porque, no que dependesse de mim, aquela velha vagabunda não seria nada, nada além de um cadáver apodrecendo ao relento. Mas os porques são tantos que prefiro nem começar a relatar agora. Farei um dossiê com todo meu ódio e todas as razões pra odiar aquela megera maldita.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O eterno medo do abandono...

Quieta para não despertar meus demônios. Basta apenas uma recusa, um não ligar, um não ouvir, um não perceber, um não estar... e tudo dilacera, sangra e dói.  Sou prisioneira das grades dos meus sentimentos.





Gostaria de conseguir pôr em palavras tudo o que sinto!Mas as palavras parecem presas...
Não se querem soltar do nó que sinto...
São palavras raras que não saem..
São palavras escassas que não aparecem...
Quero soltá-las, mas ela teimam em viver nesta prisão!
Quero libertar-me dos sentimentos mas eles teimam em aprisionar-me!
Quais grades? Qual prisão?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Adeus passado... Olá futuro!


Eu já tentei fazer terapia mil vezes e acabei abandonando a terapia mil vezes depois também. No início era legal entender meu passado, linkar com o presente e descobrir os motivos, as razões... Mas depois, a terapia se tornou um sofrido mergulho de encontro ao passado e eu acabei me cansando disto também. Como leio muito, encontrei num livro uma tal "terapia breve voltada para a solução" e gostei da proposta dela. Apesar de ser breve, ela "demora" em média 1 ano. A psicoterapia ericksoniana, um tipo de terapia breve voltada para a solução de problemas.

... em 4 passos:

1º: O que é que quer?
2º: Como é que vai saber que já tem o que quer?
3º: O que é que já está a fazer para alcançar o que quer?
4º: O que é que vai estar a acontecer quando estiver um pouco mais perto daquilo que quer?

Porque remoer o passado não vai ajudar a mudar o futuro. Percebi que as terapias convencionais me deprimiam mais e me desmotivavam muito. Com a TBVS eu aprendi a me conhecer e me aceitar mais.
“Não existem sistemas funcionais ou disfuncionais. Mesmo um sistema disfuncional tem momentos em que funciona (…) por isso, mais do que as causas dos problemas, devemos procurar como resolvê-los, procurar a diferença que faz a diferença, fazer da excepção a nova regra. A solução vem do próprio sistema, a solução vem antes do problema, é a outra face do problema. (…) Existem diferentes possibilidades de solucionar algo. A ênfase nos recursos, no que melhorou, nas soluções, no presente e futuro, no positivo, na mudança. Problemas puxam problemas, soluções puxam soluções.” (Mestre Wolfgang Lind)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Um dia sem luz!

Hoje foi um dia terrível, perdi o controle e meti numa briga, numa discussão que foi ficando mais e mais tensa. No auge da minha adrenalina eu gritei mais, muito mais, do que devia, me expus num local público. Eu tinha a razão, mas e daí? O jeito com o qual eu conduzi a situação foi lamentável, quando dei por mim e olhei em volta, havia dezenas de pessoas me olhando, eu fiquei extremamente envergo
nhada, aflita e com medo, com muito de medo de acabar aparecendo num You Tube da vida rotulada como barraqueira, medo de mim mesma, medo de me olhar no espelho, medo de ficar remoendo isso, desejando que o tempo volte pra eu apagar... Mas não tem jeito. Eu estava indo tão bem e derrapei feio... Tudo que eu queria agora era um buraco bem fundo e escuro pra eu me enfiar nele por inteira e sumir do mapa por um tempo. Um segundo, uma escolha, uma atitude, um comportamento pode ser extremamente devastador e isso me assusta muito!



 Às vezes, a gente só precisa de um abraço e companhia. Não precisa fazer nada, só estar ali, disposto pra qualquer emergência..

 Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais. E hoje, eu fracassei mais uma vez. 


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Arabescos

Eu queria matar toda ancestralidade nascida em mim
Queria lixar os vincos pegajosos do passado
os vestígios dos primeiros neandertais na minha arcada dentária
apagar as ranhuras das falsas costelas
arrancar inúteis apêndices - caruncho no meio da carne -
quebrar o fêmur em dois e inventar uma nova nomenclatura anatômica
tornar minha face uma massa amorfa e não mais reconhecê-la em termos de parentesco
não conhecer homônimos, torná-la primitiva, origem, alfa,
feto de degenerados, reduto de loucos,
torturá-la até desfazê-la, de sólida matéria sublimada.
cavá-la até o limite do tutano, apalpar seu magma, devorá-la,
faz~e-la máscara-carranca e finalmente nascer,
dissolvida, combinação aleatória e contemporânea de átomos de carbono.
livre da semelhança de Deus,
livre do peso incomodo da humanidade.  


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Alice

"Se tivesse meu próprio mundo, tudo seriam tolices. Nada seria como é. Tudo seria o que não é. E vice-versa. O que é, não seria. E o que não seria, seria.” Alice no País das Maravilhas, uma história para adultos genialmente disfarçada de conto infantil.


Alice é uma criança entediada com o mundo que a rodeia. O livro “Alice no País das Maravilhas” começa, aliás, com esta personagem sentada à beira-rio “sem ter nada que fazer” e, por isso mesmo, “farta” da sua própria vida. Quando irrompe à sua frente um coelho branco, vestido com um colete e munido de um relógio de bolso, a menina sente-se mediatamente seduzida a segui-lo. Obsessivo com o tempo, o Coelho Branco corre em direcção à sua toca — uma cavidade que representa a porta de entrada para um universo irreal — e, por impulso, Alice vai atrás dele. À sua espera está um mundo que, apesar de maravilhoso, não traduz a perfeição de um conto de fadas.
"Alice no Pais das Maravilhas" e o sujeito desejante, ou seja, o que lhe dá sentido e lhe confere uma identidade.



domingo, 5 de agosto de 2012

Chuva de canivetes

Embora fosse verão, a noite estava fria e Lisa se molhava enquanto caminhava pra casa embaixo de uma chuva que parecia não ter fim. Na mesma noite, curiosamente mais quente, seu namorado estava num ambiente aconchegante e seco. Não era uma boa noite, pelo menos pra ela…

Ela queria proteção, pois na noite escura ela saltava os olhos para todos os lados em busca de algum perigo. Não queria mesmo in


comodar seu namorado com medos bobos de uma menina que não havia crescido direito e ainda sentia medo de trovões e do escuro. Só não queria estar ali sozinha, assustada e minúscula.

Ao ligar, ele disse que não era para ela esperar por ele.

E uma tempestade começou dentro dela… Choviam canivetes. Não sabe como chegou em casa, mas quando se deu por si estava embaixo do chuveiro, chorando, menos amortecida do que gostaria, sentindo aquilo não só na pele, como também na carne. Lisa só não queria estar ali.

Sem forças pra acreditar naquilo, ela se sentou no box, e deixou esvair-se junto com a água que corria pelo seu corpo. Queria descer pelo ralo também. Só pra não precisar estar ali, sentindo tanto…

Ela só queria que o coração parasse de querer sair pela boca, e que não vertesse mais lágrimas pelos seus olhos, então mesmo sem forças ela levantou, se secou, trocou de roupa, tudo mecanicamente. Deitou para dormir.

Mas não se sabe se Lisa realmente dormiu naquela noite.






quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vazio

Meu humor oscila, minhas idéias oscilam, meus sentimentos oscilam, minha paciência oscila. A única coisa permanente é o vazio.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Como é que eu troco de canal?

Muitas vezes, tarefas banais, como assistir um seriado, um filme ou ouvir uma música se tornam terrivelmente dolorosas para mim e claro, ninguém entende o que se passa...  O que acontece é que muitas das vezes, as cenas, imagens, diálogos, nomes e tudo que esta contido nos programas da televisão ou nas letras das músicas me deixam mal, começam a se misturar com a minha vida, eu faço relações com acontecimentos e me enfureço, sinto medo, me deprimo, me culpo e me vitimizo. É tudo tão rápido que não consigo prever ou controlar, a emoção me toma de súbito e quando vejo, o caos já se instalou, as brigas já começaram (não só as brigas com quem convive comigo, como as brigas internas com meus fantasmas interiores). Pra um borderline, até o lazer pode se tornar um veneno.

"Ah, vida real.... ah, vida real.... Como é que eu troco de canal?"



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Transtorno Borderline e o filme Garota Interrompida

O transtorno Borderline de personalidade, sendo uma patologia que tem datado seu nascimento entre as décadas de 1950 e 1960, não entrou no campo de estudo de Sigmund Freud.   Os estudos do Borderline têm uma grande função na psicologia, abrangendo também o campo da psiquiatria, pois pode-se dizer que esta doença apresenta um dos piores prognósticos, tornando, assim, seu tratamento bastante difícil e complicado. Este transtorno também é considerado uma das doenças mentais de mais difícil solução. Isto é explicado pelo fato de que esta doença tem seu início na infância ou na adolescência e assim é assimilada pela personalidade ainda em formação como uma de suas características. Desta maneira, este transtorno torna-se um grande desafio para os profissionais da área. 

   O transtorno Borderline de personalidade foi definido e difundido na América Latina por Donald Meltzer com pacientes que estavam em transição, notadamente da neurose para a psiconeurose. Mas, atualmente um dos maiores estudiosos desta patologia é o vienense Otto F. Kernberg, que considera o transtorno Borderline de personalidade um dos maiores problemas de campo da psiquiatria e da psicologia.
 
 A Organização Borderline de Personalidade à Luz da Psicanálise:

   Os valiosos e profundos estudos sobre a organização borderline de personalidade foram concluídos por Otto Kernberg. Segundo este estudioso há três características dominantes relativas a este transtorno: 

   1. Grau de integração da identidade.
   2. Tipos de operações defensivas que ele habitualmente emprega.
   3. Capacidade de testar a realidade.

    Em relação a primeira característica, no Borderline há uma desintegração da identidade. Em relação a segunda característica, há uma predominância de operações defensivas primitivas centrada no mecanismo de cisão. Na terceira característica é mantido o teste de realidade. 

    Estas três características são consideradas dominantes, pois constituem a base de toda a desorganização da personalidade Borderline e são estas que vão diferenciar o Borderline dos pacientes neuróticos e psicóticos, por isso elas são bastante importantes para o diagnóstico. 

    Na sua relação com o mundo, o fato mais marcante, que exprime uma de suas características internas, é o fato dele não saber exatamente o que sente pelas pessoas e por si mesmo. Ele não sabe quando os outros são bons ou maus, apresentando uma oscilação entre extremos: num momento sente que é mau e os outros são bons e em outro momento ele se sente como bom e os outros maus. Este fato descreve sua oscilação entre a culpa e a perseguição, que são os dois sentimentos mais presentes na vida do Borderline. No primeiro momento, ele se sente culpado. Já no segundo momento se sente perseguido e esta passagem de um extremo para o outro se dá muito rápido. Este comportamento mostra uma característica interna onde o ego do sujeito não consegue discriminar representações de self ligadas a afetos amorosos de representações de self ligadas a aspectos agressivos; da mesma forma em relação às representações de objetos. Assim as representações de objeto, são sempre equivocas, transformando-se, às vezes, em segundos de idealizadamente boas à persecutórias, demonstrando a inconstância dos objetos internos, os quais são ameaçadores e a qualquer momento podem trair, derrubar, abandonar e destruir. 

   Vivendo, então, em perigo constante dentro de si mesmo, o Borderline fica extremamente ansioso e agressivo. Outra conseqüência deste perigo interno é o excessivo apego e dependência dos objetos externos, sobre tudo das figuras mais próximas e necessárias. Quanto mais ele fica dependente desses objetos externos que em um determinado momento são sentidos como maus e logo depois como bons, mais o ego do Borderline se enfraquece, carregando um alto grau de ansiedade. Mas, apesar disso, ele precisa se apegar a esses objetos externos, pois diminuem a culpa, na medida que o Borderline percebe que, apesar dos seus ataques esses objetos ainda estão vivos e imunes à maldade do self. 

     Um dos grandes agravantes do quadro Borderline é o fato de que quando ele faz sua regressão não consegue se estabelecer num único e determinado ponto de fixação na sua pré-genitalidade. Ele fica transitando entre as fases pré-genitais. Isto significa que, ao passar pelas fases pré-genitais na sua infância, não conseguiu resolver nenhuma delas ou então resolveu de uma forma pouco satisfatória tornando sua passagem por elas bastante confusa e complicada. Observando mais profundamente, parece mais do que um ponto um período de fixação que atravessaria a etapa de separação, diferenciação e reaproximação. 

   Os mecanismos de defesa primitivos protegem o ego de conflitos por meio de dissociação ou do afastamento de experiências contraditórias do self e de outros significativos, ou seja, esses mecanismos separam estados contraditórios do ego. Contanto que essas contradições possam ser mantidas separadas, a ansiedade que advém desses conflitos é prevenida ou controlada. Mas, apesar de diminuir a ansiedade, esses mecanismos quando ativados enfraquecem o ego, promovendo uma falta de integração entre os objetos internos e externos. Estes mecanismos são:

> Cisão - divisão de objetos externos em "inteiramente bons" e "inteiramente maus", e, ao mesmo tempo oscilando o mesmo objeto de um extremo para o outro. 

> Idealização Primitiva - uma idealização irreal dos objetos como inteiramente bons e poderosos e idealizadamente como maus e perversos. Uma conseqüência é em reforçamento do mecanismo de cisão. 

> Identificação Projetiva - tendência de projetar o impulso, que está a experienciar, na outra pessoa. Logo depois, começa a sentir um grande medo dessa pessoa sob a influência daquele impulso projetado. Apesar deste medo, o Borderline acredita que através deste mecanismo pode controlar a outra pessoa. 

> Negação - frente a um medo, conflito ou uma necessidade, o Borderline não expressa nenhuma reação emocional, preocupação ou ansiedade, comunicando calmamente sua conscientização cognitiva da situação. Age dessa forma para se proteger de um potencial conflito. 

> Onipotência e Desvalorização - ativam estados do ego, refletindo um self inflado, grandioso, relacionado a representações dos outros emocionalmente degradantes e depreciativas.

O super-ego é uma instância também carregada de muita agressividade, onde para dentro dele foram introjetados muitos objetos internos maus que não se distinguem bem do self. Significa dizer, então, que até certo ponto, o Borderline, não consegue discriminar self de objeto interno idealizadamente persecutório que não é outro senão o disfarçado super-ego. 

   Isso gera duas conseqüências: quando o super-ego é sentido como mau, o ego se sente perseguido. E quando o ego vivencia o super-ego como objeto mau que não se distingue do self, surge uma grande ansiedade, culpa e masoquismo.
   Enfim, a organização Borderline de personalidade vive num mundo escuro, de pesadelo, cheio de "fantasmas" ora perseguindo-o ora culpando-o. Como eles não apresentam uma divisão segura e firme que separa o pré-consciente do inconsciente e não conseguindo utilizar o mecanismo de repressão (alivia mais a angústia), vivem uma dor permanente da qual ele não pode escapar. Somente através de uma terapia psicanalítica este quadro poderá ser revertido.
               "Pode -se dizer que o tratamento da organização Borderline de personalidade consistiria economicamente numa transformação das pulsões: de morte em vida, destrutivas em amorosas sado-masoquistas, em auto-conservadoras". 


 
  

domingo, 8 de julho de 2012

Melhor mentir...



"Sim, eu sei que nada nunca é pra sempre.

Sempre é mentira de novela, mas a gente insiste,

e se a verdade é triste, é melhor mentir..."

sábado, 7 de julho de 2012

Dor

Os defeitos e falhas da mente são como feridas no corpo. Depois que todo cuidado possível foi tomado para curá-las, ainda restará uma cicatriz. 

(François de La Rochefoucauld)





Pra resumir, estou vivendo um dia infernal. Carregando uma cruz que não é minha, lidando com problemas além dos muitos que eu já tenho. Não consigo ter paz nem pra solucionar meus problemas, não há quem me entenda, nunca houve quem me ajudasse e agora eu sou criticada por não saber ajudar, por ser agressiva demais. Como oferecer a alguém algo que você jamais conheceu? Como posso sentar e ouvir as lamentações de alguém que quer apenas ser entendido e "liberado" das suas responsabilidades? Eu nunca tive quem sentasse comigo pra conversar, orientar e me entender, aprendi tudo na base da dor, foi sangrando que eu aprendi a viver, a lutar pela minha sobrevivência e através da raiva, gerada pela injustiça, eu quis um dia vencer e comecei minha caminhada por entre pedras e espinhos e agora eu não consigo dar colo e mamadeira pra ninguém, meu idioma é a revolta e meu lema é a dor.
Eu quero sair daqui, eu quero ver a luz no fim do túnel, mas não consigo guiar ninguém, pois sou cega.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Amargo

Ultimamente tem acontecido tanta coisa que eu nem tenho saco pra escrever. Minha cabeça tem doído como nunca, parece que vou enlouquecer... E eu sinto tanto ódio, tanto ódio de certas pessoas, de certas situações, e a vida me obriga a conviver com gente babaca, sem personalidade, sem culhão pra assumir o que diz, gente invejosa, gente traiçoeira, numa convenção social hipócrita, onde sorrisos são mais mordazes que facadas. Sinto a necessidade de explodir, jogar tudo ao alto e mandar todo mundo se foder... Seria tão bom se alguns deles morressem... assim, por acidente.


domingo, 24 de junho de 2012

Saio dessa prisão, ou morro!

Estou tentando viver como se eu fosse normal, como se os outros é que fossem os bizarros, estou tentando fazer de conta que não tenho nada, nem terapia, nem remédios, nem leituras científicas sobre o transtorno borderline... É como se ele fizesse parte de mim e eu simplesmente não quisesse mais dar ouvidos a ele. Mas no fundo, no fundo, estou cansada, a cabeça fica "formigando" o dia todo, a concentração é quase inexistente, a memória está cada vez mais errática e paciência anda em falta, os nervos andam a flor da pele, tenho sentido vontade de chorar, gritar, bater e quebrar. Quero me esconder do mundo mas preciso ser vista, ser notada... Que tipo de prisão é esta que estou condenada a passar o resto dos meus dias?! 
Platão acreditava que o corpo era a prisão da alma. Eu concordo com ele!

"Estou literalmente acabada.
Minha alma pede socorro.
Debato-me desesperada. 
Saio dessa prisão, ou morro!"


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Adeus, um brinde e foda-se!

Comecei a fazer terapia, estava tudo indo bem, até que precisei faltar por uns dias por motivos profissionais e também pra poder dormir um pouco a tarde e assim, aguentar a rotina de estudo e trabalho. Minha psicóloga sequer me telefonou pra saber se eu havia abandonado a terapia ou se estava ocupada demais, sequer me ofereceu um remanejamento na agenda e não se mostrou nem um pouco preocupada comigo, até os vendedores de Herbalife me ligam pra saber se estou satisfeita com os produtos e se preciso de mais alguma coisa, porém pra minha psicóloga eu não sou nada além de um número a mais na carta de clientes que paga a ela R$ 140,00 por consulta. Então, quer saber? Vou procurar outra que se importe mais comigo que com o meu dinheiro, ou que pelo menos saiba disfarçar isso bem. No mais, foda-se a antiga terapeuta.

sábado, 26 de maio de 2012

Quase 30.

Estou há algumas horas de completar 30 anos e não sinto nenhuma animação pra comemorar nada. Não é pelo impacto da chegada dos 30, porque no meu caso, chegar até aqui diante de todas as circunstâncias me faz uma sobrevivente. Mas no fundo da minha alma ecoa o vazio de quem não tem nada a comemorar a não ser aquela velha ideia que as pessoas tem de agradecer a Deus por permanecerem respirando. Não são as minhas escolhas (diretas) que me colocam neste mar de angústia e tristeza, são as escolhas dos outros que interferem na minha vida, que alteram minha rotina de "paz controlada" que me incomoda. A sensação do vazio me dilacera a alma, atravessa minhas células uma a uma e me reduz a um sistema orgânico, nada mais que um sistema orgânico funcionando. E para qualquer um é muito fácil opinar com o que fazer e como fazer, o que pensar e o que dizer, mas o único problema é: ninguém vive aqui dentro, ninguém sente minhas dores e meus medos, sendo assim dispenso a hipocrisia dos discursos de auto ajuda. A solidão, ainda que momentânea me apavora e o que eu posso fazer? Talvez procurar alguém que se preocupe com o meu dever de casa...


terça-feira, 22 de maio de 2012

Canja de Galinha não faz mal a ninguém.

Estou aprendendo a ser mais calada, me envolver menos com as pessoas, me entregar com reservas e manter o pé atrás, e não está sendo ruim, muito pelo contrário. Continuo sendo extrovertida, brincalhona quando estou com " a galera", mas em certas situações e na presença de certas pessoas, o lance agora é me resguardar. Nos trabalhos em grupo, nas aulas com pessoas imbecis ou no trabalho, a palavra de ordem tem sido silenciar e observar mais, bem mais. 

Mas como tudo tem um começo e um porque, tomar esta decisão não poderia ter sido diferente. Tudo começou quando um filho da puta, em tom amistoso e sorriso estampado no rosto me pediu um favor, que de início parecia inofensivo o que eu não esperava era que, de alguma forma, isso chegasse ao conhecimento da chefia do trabalho e me renderia uma pergunta maliciosa e uma liçãozinha patética de moral, vinda de quem faz o que eu fiz com maestria e anos no posto, mas deixa estar... O bom é que fica a lição.

Quanto ao traíra filho da puta, ele ainda anda tentando se chegar, fingir que nada aconteceu, ser meu amiguinho e eu fico na minha, em momento nenhum eu cheguei nele pra interrogar ou questionar como a ajuda que ele me pediu chegou ao conhecimento da chefia, não perguntei nada porque não curto dar moral pra macaco que quer aparecer, continuo fazendo meu trabalho e mantendo distância das rodinhas de disse-me-disse. Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Estou dando meu boi pra não brigar, mas sou capaz de dar uma boiada inteira pra não perder a  briga. Estou na minha, eles que não me provoquem!
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