quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Alice

"Se tivesse meu próprio mundo, tudo seriam tolices. Nada seria como é. Tudo seria o que não é. E vice-versa. O que é, não seria. E o que não seria, seria.” Alice no País das Maravilhas, uma história para adultos genialmente disfarçada de conto infantil.


Alice é uma criança entediada com o mundo que a rodeia. O livro “Alice no País das Maravilhas” começa, aliás, com esta personagem sentada à beira-rio “sem ter nada que fazer” e, por isso mesmo, “farta” da sua própria vida. Quando irrompe à sua frente um coelho branco, vestido com um colete e munido de um relógio de bolso, a menina sente-se mediatamente seduzida a segui-lo. Obsessivo com o tempo, o Coelho Branco corre em direcção à sua toca — uma cavidade que representa a porta de entrada para um universo irreal — e, por impulso, Alice vai atrás dele. À sua espera está um mundo que, apesar de maravilhoso, não traduz a perfeição de um conto de fadas.
"Alice no Pais das Maravilhas" e o sujeito desejante, ou seja, o que lhe dá sentido e lhe confere uma identidade.



domingo, 5 de agosto de 2012

Chuva de canivetes

Embora fosse verão, a noite estava fria e Lisa se molhava enquanto caminhava pra casa embaixo de uma chuva que parecia não ter fim. Na mesma noite, curiosamente mais quente, seu namorado estava num ambiente aconchegante e seco. Não era uma boa noite, pelo menos pra ela…

Ela queria proteção, pois na noite escura ela saltava os olhos para todos os lados em busca de algum perigo. Não queria mesmo in


comodar seu namorado com medos bobos de uma menina que não havia crescido direito e ainda sentia medo de trovões e do escuro. Só não queria estar ali sozinha, assustada e minúscula.

Ao ligar, ele disse que não era para ela esperar por ele.

E uma tempestade começou dentro dela… Choviam canivetes. Não sabe como chegou em casa, mas quando se deu por si estava embaixo do chuveiro, chorando, menos amortecida do que gostaria, sentindo aquilo não só na pele, como também na carne. Lisa só não queria estar ali.

Sem forças pra acreditar naquilo, ela se sentou no box, e deixou esvair-se junto com a água que corria pelo seu corpo. Queria descer pelo ralo também. Só pra não precisar estar ali, sentindo tanto…

Ela só queria que o coração parasse de querer sair pela boca, e que não vertesse mais lágrimas pelos seus olhos, então mesmo sem forças ela levantou, se secou, trocou de roupa, tudo mecanicamente. Deitou para dormir.

Mas não se sabe se Lisa realmente dormiu naquela noite.






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