A lógica Borderline

A consulta de hoje com a minha psicóloga rendeu muitos assuntos a se pensar, me abriu a mente para novas percepções e tudo que eu descobri na terapia hoje (e nos últimos dias) associado a algumas atitudes que já venho tomando há algum tempinho graças a ajuda de pessoas especiais e importantes na minha vida me fizeram chegar ao texto desta página (e ele será reeditado a cada novo ponto alcançado desta montanha que estou começando a escalar).


Transtorno de Personalidade Borderline - O lado "bom" da loucura.


O que fazer quando estamos em uma condição mental delicada, na qual paramos de fazer planos e projetos para o futuro, não conseguimos nos relacionar com outras pessoas de forma saudável, nos isolamos socialmente quebrando o vínculo com os papéis sociais que exercemos na família e com os amigos, não podemos trabalhar e o pensamento mais racional que fica em nossa mente parece ser o de que a alternativa mais "realista" é o suicídio?

Quando entramos nessa "espiral" para baixo temos que parar nossas vidas para correr atrás de tratamentos, tentando resgatar ao menos o fio que nos liga à nossa antiga realidade. Passamos a nos sentir um peso para a vida do próximo, pensar que tudo que nos ligava à ideia de felicidade está se esvaindo como um punhado de água dentre nossos dedos. Passamos a nos sentir vazias porque a vida perdeu sua significação, mas não conseguimos entender a razão da vida, queremos viver, mas a vida que estamos vivendo no momento da crise não é bem aquela que desejamos, está muito longe de qualquer expectativa razoável.
Afinal o que há de "bom" nesse Inferno Astral chamado de condição "Borderline" que pode trazer alguma resposta para nossos anseios de melhora e recuperação?

A resposta para isso não é tão simples, mas tenho muita confiança de que nosso inconsciente está literalmente "parando" a vida que estávamos vivendo até o momento em que ficamos doentes pelo nosso próprio bem. É como um sistema imunológico psíquico que está reagindo e pedindo para que mudemos definitivamente de rumo. Isso não será nada fácil, será preciso confrontar nossos valores, certezas, ideias de felicidade e até mesmo o conceito que temos a respeito de nós mesmas. Todos os conceitos acabam se desconstruindo porque na verdade não podemos viver mais da forma que vivíamos anteriormente. Parecemos anjos caídos do paraíso, doentes e incapazes de recuperar a vivacidade um dia experimentada, sem poder experimentar doces sentimentos de alegria e felicidade.

Por momentos de prazer e alívio trocamos qualquer coisa nesse estado. Assim começa a vida alucinada em busca de prazeres extremos que podem dar algum alívio mas que são extremamente destrutivos a longo prazo. Como parar com isso tudo e ter a mínima condição de voltar a viver?

A resposta para isso é um caminho muito longo de autodescoberta, há um uivo interno por alívio e por mudança. Desconstruir uma vida para poder construí-la novamente parece um caminho cheio de pedras e desafios, com muralhas a serem quebradas e barreiras para se escalar. Mas precisamos fazer isso se quisermos realmente sair das ilusões que nos deixaram doentes em primeiro lugar.

Descobri algumas coisas após ter ficado em uma situação extrema e percebi a necessidade de me encorajar e tomar as rédeas da situação, partindo do ponto chave: minha vida não é mais regida por aquele ser que me oprimia e humilhava, eu sou livre agora porém preciso deixar de ser o que eu tanto detesto preciso deixar de agir igualmente ao monstro que me criou, em outras palavras, eu preciso deixar de ser a “minha mãedrasta punindo o mundo”.

1. A sensação de vazio começou a melhorar a partir do momento em que passei a ser eu mesma e não aquilo que as pessoas queriam que eu fosse.


2. Deixei de lado o que só servia pra me fazer sentir pior. Perdi amizades que não eram assim tão importantes mas, no final das contas, acabei ganhando amigos de verdade, poucos é verdade porém a qualidade é o que deve ser priorizado. Vi que posso oferecer coisas às pessoas, talentos ... e que existiam pessoas com interesses parecidos com os meus e que além disso eu posso usar minha própria dor e aprendizado pra ajudar outras pessoas.

3. Deixei de lado toda tentativa tola de aceitar a religião dos meus pais, numa tentativa desesperada de ser aprovada e aceita por eles, para descobrir o quanto eu havia sido estúpida e fanática e o quanto eu classificava pessoas através de preconceitos tolos como os deles e que são próprios das pessoas dessa vertente primitiva de prática religiosa. Hoje eu vejo as pessoas de forma muito diferente e com muito mais respeito por suas escolhas, entendo que todos estamos em fase de evolução e que esta vida é apenas mais uma vida rumo a elevação da alma, a descoberta do Divino dentro de mim, a ciência de conhecer a si mesmo em profundo estado meditativo me faz pensar melhor.

4. Pensei muitas vezes em me matar e tentei também, mas percebi que quem tinha que morrer era a "falsa" ideia de felicidade e a "falsa" identidade que criei para poder me defender da vida.

5. Senti dores dilacerantes na alma pela sensação de abandono que os meus próprios pais cometeram comigo, além de outras pessoas que se diziam amigas, mas descobri que havia uma força dentro de mim mesma que jamais me abandonaria.

6. Tive enormes conflitos com minha própria aparência no espelho para descobrir que poderia olhar não apenas o meu reflexo, mas o meu próprio mundo interior e estar pelo menos satisfeita com isso. A nossa aparência é importante, mas isso não é o que irá determinar se um homem irá amar você ou não, aprendi que eu preciso me respeitar antes de tudo.

7. Me machuquei fisicamente e "na alma" também, me envolvendo em relacionamentos que eu sabia que iam me machucar, mas aprendi que não era aquilo que eu realmente queria. Não iria encontrar uma felicidade "falsa" a partir de uma terceira pessoa, a felicidade é uma construção diária nossa.

Agora faço estas perguntas a todos que estão passando por isso: Você quer realmente saber o que há por trás da sua doença? Quer ver o que há por trás do mar de escuridão pelo qual está passando? Quer sair do inferno? Então siga em frente! Se descubra sem medo do que a realidade vai apresentar para você.

Vencer o TPB é uma questão de abrir a porta e ter a coragem de entrar no quarto escuro, acender a luz e enfrentar o bicho papão debaixo da cama e os esqueletos dentro do armário.

O fio que te ligava à sua antiga realidade? Deixe ele se romper e crie uma nova!
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