quinta-feira, 27 de outubro de 2011


Que meu resto de ano, seja melhor, menos dolorido, menos confuso e traga algumas respostas que já cansei de procurar.


Royal Straight Flush

Traço de memória que se tenta desenhar e não consegue
Quadro que se pinta e quando se termina está em branco
Não consigo fugir do que sou 
Minhas escolhas não são assim tão minhas 
Melodia manchada de sangue 
Quando se está sozinha e com a mente em eterno caos, 
Se percebe nuances do ser que não existe quando é dia 
Quando se é são 
Quando se sorri.
Pequenos detalhes que me assustam 
Penso em algum deus... 
Penso nalgum demônio... 
Agora, penso tanto, que nada mereço por não conseguir ser pura 
Pensar é ser maculado.
Ruas desertas que cruzo comendo minha própria poeira 
Remoendo meus medos e mágoas
Desviando de lembranças e fantasmas.
Céu escarlate que os felizes vêem azul 
Noite negra que se faz sem estrelas aos meus olhos cadentes 
Reato alguns nós e vejo que de tudo que fiz, tudo que escrevi, tudo que conquistei 
Nada importa mais que algumas horas de pensamento tranquilo 
Mente alegre, descompromissada 
E o caos mental insiste em perfurar meu caráter que já não é mais meu 
Esperanças de amanhãs 
Minhas mãos ásperas acariciam um ser inexistente.

Poucos segundos valem a vida 
E estão guardados no peito 
Na espera do amanhã esquecido 
Na memória da treva presente existe a escuridão iminente 

Mas a tua mão me guia para a luz que existe 
E se é pouca, eu sempre soube o caminho 
Ou tive ao menos o otimismo de acreditar que encontraria 
O que jamais encontrei 
Royal Straight Flush 

Mas passarei para ver o que escondem estes teus olhos 
Tão mais valiosos que meus delírios insanos. 
E gritam em algum socorro que ainda não compreendi 
Mas estou prontamente segura de que com quatro pernas seremos aptos a caminhar 
Por mais profundas trevas que tivermos que escalar 
Por mais áridas lágrimas tivermos de chorar 


Por mais que se abrigue a maior demência perturbada em minha mente frágil 
Enquanto viver, minhas palavras florescerão, mesmo que como erva daninha 
Darão vida, por mais mórbida, por mais rastejante, a alguma folha de papel 
Minhas preces inglórias a deuses que nunca houveram 
E existem por ter teu apoio 
Mesmo que discordante 
Mesmo que incompreensivo. 
Sussurro no escuro palavras que só você conhece 
Com o significado turvo todo que existe a mim 
O abismo olha para mim, mesmo que eu não olhe para ele
Me persegue, me procura 
E me acha em berço doce 
Mas a lembrança das carícias brandas 
Me guarda da perdição 
Que seria minha existência rastejante 
Se não tivesse tido teus olhos, teu sorriso, tua mão doce em conforto 
De tão pequeno ser 
Deixe-me sentir o calor do seu corpo 
E os fluidos que emanam me alimentam 
Eternamente.

Perdida entre o caos eterno que se dá nas profundezas da minha mente e a necessidade infante de ter alguém que me tome pela mão, me guie e me faça sentir protegida e segura. Meus pés trêmulos e vacilantes necessitam de um solo pra pisar, necessitam de luz e de amável companhia. De olhos que só vejam a mim, de ouvidos que me escutem enquanto quiser falar, de boca que me fale carinhosamente e me beije com ternura... O mundo me parece cruel e eu me sinto só, o tempo todo...



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma borboleta no aquário.

Eu costumo remoer mágoas e lembranças negativas. Não consigo parar de o fazer e por vezes parece ser a única coisa que me faz sentir viva. Como se fosse uma forma de auto-mutilação.

Passo dias obcecada, me sentindo injustiçada e pensando em coisas ruins.  
Acho que há um grande desprezo dos médicos em relação ao transtorno borderline, não fazem um grande esforço para a diagnosticar. Sugerem logo um quadro de depressão, bipolaridade ou estresse emocional.

Toda a minha vida persegui uma alma gêmea, vivi sempre na expectativa de encontrar aquela pessoa que ia ser perfeita em todos os as aspectos e era a pessoa ideal para mim. Mas sinto-me sempre tão carente e tenho tanta dificuldade em relacionar-me que por muitas vezes aceito a primeira pessoa que demonstra interesse em mim. Não suporto a ideia de estar sozinha. E quando conheço alguém também assumo logo que já há uma relação, e que essa pessoa me deve alguma coisa e que vai acontecer alguma coisa entre nós e não suporto a rejeição quando assim não acontece.

E eu acabo por sentir-me sozinha neste mundo que é só meu, e com tanto medo do mundo que está lá fora... 

domingo, 16 de outubro de 2011

"Eu não sou outra nada, eu sou eu".

Não é fácil dizer estas coisas, mas elas ficam em minha mente tanto tempo que são uma assombração...


Muita gente não entende o peso e a dor que uma simples palavra pode causar em alguém. Esse é o erro de julgar a todos por um só, ou por uma maioria. Não sou como a maioria, não sigo a linha de pensamento do senso comum. Tenho um processo de pensamentos que me fazem sensível no mais alto grau de dificuldade.

Assistindo ao filme, Coraline e o mundo secreto, uma frase me chamou mais atenção que qualquer outra. Em determinado momento do filme a menina encontra o gato no "outro mundo", onde todos tem um clone de botões no lugar dos olhos, e respondendo a menina, o gato diz:

"Eu não sou outra nada, eu sou eu".

Gostaria simplesmente que as pessoas enxergassem isso, eu não sou outra nada, não existe a fulana também fazia educação física, e eu realmente não quero saber se ela era parecida ou completamente diferente de mim nisso ou naquilo,  eu simplesmente não quero saber, não quero ouvir nada sobre seu passado afetivo. E digo, sinceramente, quando você fala disso pra mim, parece muito que ainda está a pensar nela. O que eu poderia pensar e/ou esperar de alguém que dias antes de sair comigo confessa gostar de outra?! Eu realmente deveria ter ficado em casa...
Mas eu não fiquei. E porque não fiquei? Porque tenho a maldita mania de adorar companhia, conversa e o terrível sonho de amar e ser amada por um príncipe encantado. E é sempre é a mesma coisa... Uma nova e dolorosa decepção. Mas ninguém entende isso... Ninguém pensa no que provoca no outro enquanto fala...


O que me cansa muito nesta história toda de ter esse transtorno borderline é ter que policiar meus pensamentos o tempo todo, desviar incansavelmente das lembranças dolorosas, viver cercada de fantasmas e conviver com pensamentos tão fortes e ideias tão contraditórias. E além de todas essas angústias que se passam em minha mente ainda convivo com as acusações das pessoas que me cercam, sempre me rotulando de nervosa, rancorosa, agressiva, instável e quando não, possuída por algum demônio... Isso, realmente cansa, é uma doença pouquíssimo divulgada, até os médicos tem dificuldades em diagnosticar. Estou sempre sendo rotulada, sendo machucada e machucando os outros, sem que ninguém saiba que sou vítimas de um mal silencioso.

Me cansa muito também brigar tanto por coisas que jamais poderão ser modificadas. Vivo me esquivando das lembranças e das associações que faço, mas nem sempre tenho êxito, é uma rotina cruel e desgastante.

Quando brigo com meu namorado, reajo sempre com uma dureza excessiva, com palavras muito cruéis e procurando ferir tanto quanto me sinto ferida e geralmente, depois de feito isso, me calo ou me escondo à espera de que ele venha  rastejar pra me pedir desculpa e suplicar que não pode viver sem mim quando no fundo é ao contrário.


Outra coisa muito comum comigo é, enjoar das pessoas. Nunca tive um relacionamento muito duradouro, justamente por me sentir sempre diminuída, sempre que qualquer namorado falasse de alguma ex, de alguma amiga que me parecesse especial... Sempre tenho a sensação de não estar sendo valorizada e respeitada o quanto eu realmente mereço. E a ideia de ouvir o nome de outra saindo da boca do meu ser amado, me causa nojo, repulsa, revolta e uma vontade irresistível de deixá-lo pra trás.
Sempre que ouço o nome e histórias de outras o ciúme me consome e eu preciso deixá-lo e me afastar. E sempre acabei por fazer isto, em dado momento já não havia mais força ou motivação pra permanecer ao lado de alguém que "tem a cara de pau e a falta de respeito e ousa falar de outra pra mim". Me sinto buscando o inexistente, um amor sem dor, uma vida sem lembranças passadas.
Tenho sucesso na área profissional, consegui encontrar algo que realmente adoro fazer, mas no quesito vida afetiva eu me sinto alguém a beira da morte, no mais profundo fracasso e sem muitas esperanças futuras. A vida sentimental é meu câncer.


sábado, 15 de outubro de 2011

Amarga desventura

Correr em horas intercaladas, vivendo entre a cruz e a espada, encontrando pedras e espinhos por um caminho que antes exalava o perfume das mais delicadas flores. 
Dar o máximo de si, se esconder das maldades do mundo, fazer do pouco um muito... 
Transformando desventuras em sinfonia, transformando lágrimas em alegrias, tudo que na vida me foi ensinado aprendi a duras penas. 
Escondo minha dor num sorriso, num poema, canto e danço sem perder tempo com planos mesquinhos, pois bem sei que o mundo é um moinho... 
Um moinho pronto pra reduzir os sonhos e as ilusões a pó... 
Pó... 
De tudo que sonhei e esperei, de tudo que abri mão e almejei, 
Hoje me sinto pó... 
Caída por entre frestas, me acomodando por entre estreitas arestas pra caber na tua vida. 
Pó... 
Jogada ao chão, tomando conta dos espaços vazios, preenchendo tudo com meu novo tom cinza. 
De uma alegre flor que um dia fui, de uma dançarina da vida que eu era... me tornei uma cruz. 
Uma cruz! O símbolo mais cruel do sofrimento, do castigo e da dor... 
Símbolo da punição injusta, símbolo de um árduo fardo... 
Eis agora o que sou... 
Já não sinto o ferver raivoso do meu sangue nas veias, já não sinto vontade de nada 
A voz se emudeceu, os assuntos todos se foram... 
Quando a sombra de uma mágoa profunda se abate em meu ser eu nada consigo fazer, perco a fala e a postura inabalável. 
Na crueldade de tuas palavras, no vazio de tuas prioridades... 
E o mais duro talvez seja, só agora saber que nesses poucos meses tanta dor pudestes me causar
Enquanto que eu bobamente acreditava na ilusão de que poderia me entregar a ti e confiar...



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Medo do Escuro dos Meus Pensamentos...

É muito difícil lidar diariamente com fantasmas do passado dos que me cercam, sobreviver sob escombros, viver com a luz acesa por medo de ver as criaturas que se abrigam no escuro dos meus pensamentos, lidar com os encontros casuais das coisas que estão associadas a nome de outras pessoas, tentar calar a tristeza e a inferioridade e acabar por externá-la em forma de raiva... Encarar meu vazio, minhas crises crônicas de tédio e ciúmes, enfrentar as cobranças inumanas que faço a mim mesma e aos que me rodeiam. Ter uma sensibilidade incomum, uma forma nada linear de encarar situações e responder a tudo isso com fortes descargas emocionais, que saem do neuro e chegam ao físico. 
E o pior de tudo é não ser compreendida, quem associaria tal comportamento, visto de longe como egoísmo, instabilidade e rancor, a uma doença que causa tanto sofrimento?
A falta de compreensão, gera uma cobrança e uma crítica dos que me cercam e me fazem ficar ainda pior. O resultado é como jogar água em quem está se afogando, ou tentar apagar um incêndio com mais fogo.
Os rótulos variam de egoísta a pavio curto, e que é instável passa a ser visto como falta de personalidade, uma pessoa que se contradiz porque mente ou porque não sabe o que quer. 
Sinto me aprisionada num invólucro de carne e por muitas vezes desejo largar essa roupa corpórea pra trás e sumir de vez...
Na verdade, o que eu quero, é uma quimera, uma idealização de perfeição que visa preencher o meu vazio e me fazer sentir amada, única, importante e confiante. Porém, quase que todas as pessoas que já passaram por mim nessa vida, trouxeram nomes, informações e etc, e isso mexe profundamente comigo, pois não aceito a ideia de ter rivais, de ter oponentes, de dividir espaço nas lembranças e pensamentos. Ninguém consegue entender um ciúme  que aponta pro passado, que retrocede... Mas isso me faz sofrer muito. Tudo que foi dito me esmaga diuturnamente. Sofro de um mal invisível e quem me machuca nem faz ideia da dor que está me causando.



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Eu te odeio, não me abandones - O Psicodrama Borderline

Imaginem uma pessoa que por algum erro constitucional nascesse sem pele: qualquer toque, por mais leve, provocaria dor e reação intensa. Assim é o borderline, o que lhe falta é a pele emocional. 

Buscando, de modo simplista, a fórmula de produção desta patologia, poderíamos pensar que uma criança demasiadamente sensível, em contato com um ambiente invalidador, multi-abusivo e destruidor de sua autoconfiança básica, tende a desenvolver comportamentos defensivos que se constituirão nas próprias características do distúrbio. 

Como adulto, o borderline acaba reproduzindo as características invalidadoras de seu meio: invalida suas próprias experiências emocionais e busca nos outros interpretações sobre a realidade. É incapaz de resolver problemas rotineiros, tem dificuldades generalizadas de "como viver". Formula objetivos pouco realistas, não valoriza pequenos êxitos e se odeia diante dos insucessos. A reação característica de vergonha é o produto natural de um ambiente que envergonha quem demonstra vulnerabilidade emocional. 

O sofrimento e as reações emocionais são extremas: o que seria apenas embaraçoso, torna-se, para ele, profundamente humilhante; desagrado pode tornar-se ódio; culpa leve, torna-se vergonha; apreensão transforma-se em pânico. "Prisioneiro" das próprias emoções, basta um pequeno estímulo para provocar reações intensas, crises de fúria que confundem e assustam as pessoas à sua volta e ele mesmo. Cria grandes tragédias das quais reclama com fúria crescente, culpando os outros pela situação em que se encontra. Quanto maior a expressão da raiva, mais o borderline se convence e tenta convencer os outros de que são responsáveis por seus sentimentos. E como suas respostas emocionais são de longa duração (lento para voltar a um nível emocional adequado) permanece altamente sensível ao próximo estímulo.

Tendo seu desenvolvimento emocional detido nas primeiras fases, o borderline é uma criança num corpo adulto e, como a criança, é impulsivo, não sabe esperar, não aceita se frustrar, tem dificuldade em simbolizar conceitos abstratos.Tenta conseguir tudo que quer o tempo todo, a qualquer custo. Em resumo: o borderline tem imensa dificuldade em lidar de forma adequada com suas emoções e a terapia precisa encontrar caminhos: primeiro para não se deixar destruir por demonstrações emocionais grandiosas; segundo para não destruir a precária estrutura emocional que o paciente apresenta; por último, para conseguir formas criativas de fazer pequenos "enxertos" (ele não possue "pele emocional") e dar algum invólucro que lhe possibilite crescer e se desenvolver dignamente.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...