sábado, 15 de outubro de 2011

Amarga desventura

Correr em horas intercaladas, vivendo entre a cruz e a espada, encontrando pedras e espinhos por um caminho que antes exalava o perfume das mais delicadas flores. 
Dar o máximo de si, se esconder das maldades do mundo, fazer do pouco um muito... 
Transformando desventuras em sinfonia, transformando lágrimas em alegrias, tudo que na vida me foi ensinado aprendi a duras penas. 
Escondo minha dor num sorriso, num poema, canto e danço sem perder tempo com planos mesquinhos, pois bem sei que o mundo é um moinho... 
Um moinho pronto pra reduzir os sonhos e as ilusões a pó... 
Pó... 
De tudo que sonhei e esperei, de tudo que abri mão e almejei, 
Hoje me sinto pó... 
Caída por entre frestas, me acomodando por entre estreitas arestas pra caber na tua vida. 
Pó... 
Jogada ao chão, tomando conta dos espaços vazios, preenchendo tudo com meu novo tom cinza. 
De uma alegre flor que um dia fui, de uma dançarina da vida que eu era... me tornei uma cruz. 
Uma cruz! O símbolo mais cruel do sofrimento, do castigo e da dor... 
Símbolo da punição injusta, símbolo de um árduo fardo... 
Eis agora o que sou... 
Já não sinto o ferver raivoso do meu sangue nas veias, já não sinto vontade de nada 
A voz se emudeceu, os assuntos todos se foram... 
Quando a sombra de uma mágoa profunda se abate em meu ser eu nada consigo fazer, perco a fala e a postura inabalável. 
Na crueldade de tuas palavras, no vazio de tuas prioridades... 
E o mais duro talvez seja, só agora saber que nesses poucos meses tanta dor pudestes me causar
Enquanto que eu bobamente acreditava na ilusão de que poderia me entregar a ti e confiar...



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