Quadro que se pinta e quando se termina está em branco
Não consigo fugir do que sou
Minhas escolhas não são assim tão minhas
Melodia manchada de sangue
Quando se está sozinha e com a mente em eterno caos,
Se percebe nuances do ser que não existe quando é dia
Quando se é são
Quando se sorri.
Pequenos detalhes que me assustam
Penso em algum deus...
Penso nalgum demônio...
Agora, penso tanto, que nada mereço por não conseguir ser pura
Pensar é ser maculado.
Ruas desertas que cruzo comendo minha própria poeira
Remoendo meus medos e mágoas
Desviando de lembranças e fantasmas.
Céu escarlate que os felizes vêem azul
Noite negra que se faz sem estrelas aos meus olhos cadentes
Reato alguns nós e vejo que de tudo que fiz, tudo que escrevi, tudo que conquistei
Nada importa mais que algumas horas de pensamento tranquilo
Mente alegre, descompromissada
E o caos mental insiste em perfurar meu caráter que já não é mais meu
Esperanças de amanhãs
Minhas mãos ásperas acariciam um ser inexistente.
Poucos segundos valem a vida
E estão guardados no peito
Na espera do amanhã esquecido
Na memória da treva presente existe a escuridão iminente
Mas a tua mão me guia para a luz que existe
E se é pouca, eu sempre soube o caminho
Ou tive ao menos o otimismo de acreditar que encontraria
O que jamais encontrei
Royal Straight Flush
Mas passarei para ver o que escondem estes teus olhos
Tão mais valiosos que meus delírios insanos.
E gritam em algum socorro que ainda não compreendi
Mas estou prontamente segura de que com quatro pernas seremos aptos a caminhar
Por mais profundas trevas que tivermos que escalar
Por mais áridas lágrimas tivermos de chorar
Por mais que se abrigue a maior demência perturbada em minha mente frágil
Enquanto viver, minhas palavras florescerão, mesmo que como erva daninha
Darão vida, por mais mórbida, por mais rastejante, a alguma folha de papel
Minhas preces inglórias a deuses que nunca houveram
E existem por ter teu apoio
Mesmo que discordante
Mesmo que incompreensivo.
Sussurro no escuro palavras que só você conhece
Com o significado turvo todo que existe a mim
O abismo olha para mim, mesmo que eu não olhe para ele
Me persegue, me procura
E me acha em berço doce
Mas a lembrança das carícias brandas
Me guarda da perdição
Que seria minha existência rastejante
Se não tivesse tido teus olhos, teu sorriso, tua mão doce em conforto
De tão pequeno ser
Deixe-me sentir o calor do seu corpo
E os fluidos que emanam me alimentam
Eternamente.
Perdida entre o caos eterno que se dá nas profundezas da minha mente e a necessidade infante de ter alguém que me tome pela mão, me guie e me faça sentir protegida e segura. Meus pés trêmulos e vacilantes necessitam de um solo pra pisar, necessitam de luz e de amável companhia. De olhos que só vejam a mim, de ouvidos que me escutem enquanto quiser falar, de boca que me fale carinhosamente e me beije com ternura... O mundo me parece cruel e eu me sinto só, o tempo todo...
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