domingo, 16 de outubro de 2011

"Eu não sou outra nada, eu sou eu".

Não é fácil dizer estas coisas, mas elas ficam em minha mente tanto tempo que são uma assombração...


Muita gente não entende o peso e a dor que uma simples palavra pode causar em alguém. Esse é o erro de julgar a todos por um só, ou por uma maioria. Não sou como a maioria, não sigo a linha de pensamento do senso comum. Tenho um processo de pensamentos que me fazem sensível no mais alto grau de dificuldade.

Assistindo ao filme, Coraline e o mundo secreto, uma frase me chamou mais atenção que qualquer outra. Em determinado momento do filme a menina encontra o gato no "outro mundo", onde todos tem um clone de botões no lugar dos olhos, e respondendo a menina, o gato diz:

"Eu não sou outra nada, eu sou eu".

Gostaria simplesmente que as pessoas enxergassem isso, eu não sou outra nada, não existe a fulana também fazia educação física, e eu realmente não quero saber se ela era parecida ou completamente diferente de mim nisso ou naquilo,  eu simplesmente não quero saber, não quero ouvir nada sobre seu passado afetivo. E digo, sinceramente, quando você fala disso pra mim, parece muito que ainda está a pensar nela. O que eu poderia pensar e/ou esperar de alguém que dias antes de sair comigo confessa gostar de outra?! Eu realmente deveria ter ficado em casa...
Mas eu não fiquei. E porque não fiquei? Porque tenho a maldita mania de adorar companhia, conversa e o terrível sonho de amar e ser amada por um príncipe encantado. E é sempre é a mesma coisa... Uma nova e dolorosa decepção. Mas ninguém entende isso... Ninguém pensa no que provoca no outro enquanto fala...


O que me cansa muito nesta história toda de ter esse transtorno borderline é ter que policiar meus pensamentos o tempo todo, desviar incansavelmente das lembranças dolorosas, viver cercada de fantasmas e conviver com pensamentos tão fortes e ideias tão contraditórias. E além de todas essas angústias que se passam em minha mente ainda convivo com as acusações das pessoas que me cercam, sempre me rotulando de nervosa, rancorosa, agressiva, instável e quando não, possuída por algum demônio... Isso, realmente cansa, é uma doença pouquíssimo divulgada, até os médicos tem dificuldades em diagnosticar. Estou sempre sendo rotulada, sendo machucada e machucando os outros, sem que ninguém saiba que sou vítimas de um mal silencioso.

Me cansa muito também brigar tanto por coisas que jamais poderão ser modificadas. Vivo me esquivando das lembranças e das associações que faço, mas nem sempre tenho êxito, é uma rotina cruel e desgastante.

Quando brigo com meu namorado, reajo sempre com uma dureza excessiva, com palavras muito cruéis e procurando ferir tanto quanto me sinto ferida e geralmente, depois de feito isso, me calo ou me escondo à espera de que ele venha  rastejar pra me pedir desculpa e suplicar que não pode viver sem mim quando no fundo é ao contrário.


Outra coisa muito comum comigo é, enjoar das pessoas. Nunca tive um relacionamento muito duradouro, justamente por me sentir sempre diminuída, sempre que qualquer namorado falasse de alguma ex, de alguma amiga que me parecesse especial... Sempre tenho a sensação de não estar sendo valorizada e respeitada o quanto eu realmente mereço. E a ideia de ouvir o nome de outra saindo da boca do meu ser amado, me causa nojo, repulsa, revolta e uma vontade irresistível de deixá-lo pra trás.
Sempre que ouço o nome e histórias de outras o ciúme me consome e eu preciso deixá-lo e me afastar. E sempre acabei por fazer isto, em dado momento já não havia mais força ou motivação pra permanecer ao lado de alguém que "tem a cara de pau e a falta de respeito e ousa falar de outra pra mim". Me sinto buscando o inexistente, um amor sem dor, uma vida sem lembranças passadas.
Tenho sucesso na área profissional, consegui encontrar algo que realmente adoro fazer, mas no quesito vida afetiva eu me sinto alguém a beira da morte, no mais profundo fracasso e sem muitas esperanças futuras. A vida sentimental é meu câncer.


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