domingo, 5 de agosto de 2012

Chuva de canivetes

Embora fosse verão, a noite estava fria e Lisa se molhava enquanto caminhava pra casa embaixo de uma chuva que parecia não ter fim. Na mesma noite, curiosamente mais quente, seu namorado estava num ambiente aconchegante e seco. Não era uma boa noite, pelo menos pra ela…

Ela queria proteção, pois na noite escura ela saltava os olhos para todos os lados em busca de algum perigo. Não queria mesmo in


comodar seu namorado com medos bobos de uma menina que não havia crescido direito e ainda sentia medo de trovões e do escuro. Só não queria estar ali sozinha, assustada e minúscula.

Ao ligar, ele disse que não era para ela esperar por ele.

E uma tempestade começou dentro dela… Choviam canivetes. Não sabe como chegou em casa, mas quando se deu por si estava embaixo do chuveiro, chorando, menos amortecida do que gostaria, sentindo aquilo não só na pele, como também na carne. Lisa só não queria estar ali.

Sem forças pra acreditar naquilo, ela se sentou no box, e deixou esvair-se junto com a água que corria pelo seu corpo. Queria descer pelo ralo também. Só pra não precisar estar ali, sentindo tanto…

Ela só queria que o coração parasse de querer sair pela boca, e que não vertesse mais lágrimas pelos seus olhos, então mesmo sem forças ela levantou, se secou, trocou de roupa, tudo mecanicamente. Deitou para dormir.

Mas não se sabe se Lisa realmente dormiu naquela noite.






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