Minha infância foi marcada por maldade, tortura e crueldade exercidas velada e dissimuladamente. Esse tipo disfarçado de crueldade e maldade incluía toda espécie de chantagens emocionais, cerceamentos de liberdade, desrespeito, omissões e opressões que familiares dirigem uns contra os outros de forma surda, calada e, muitas vezes, socialmente irreprimível. Tais maus tratos jamais foram feitos de forma "clássica" e "franca". Aí ficaria muito fácil diagnosticar a dinâmica familiar deturpada. Minha mãe agia assim o tempo todo comigo e com minha irmã mais nova.
Eram incontáveis os números de comentários críticos, mordazes, amargos ou depreciativos, a presença de hostilidade, direta ou dissimulada e um nível muito alto de envolvimento emocional estressante. Agressões emocionais são aquelas que, independentemente do contacto físico, ferem moralmente
Eu cresci nesse panorama e esse meu mal estar fica mais evidente com a chegada do final do ano e do Natal, festa que parece esfregar famílias felizes na cara de quem não tem... Sempre me senti muito mal com a chegada do Natal, preferia que essa data hipócrita não existisse, pois me faz lembrar das vezes que minha mãe demonstrava um comportamento carinhoso (se é que se pode chamar algo tão nojento de carinho) na frente dos outros e me chamava de coisas carinhosas mas no fundo, no fundo tinha um tom de desprezo, deboche ou pouco caso, um olhar frio, distante.
Muitos dos meus medos, insegurança e não aceitação vem dessa época, eu sei disso... E tentar falar dessa época me deixa confusa, a memória falha, as emoções ficam à flor da pele e o raciocínio se perde, como se eu mesma estivesse me protegendo de lembranças tão dolorosas...
Um comentário:
Eu tenho me perguntado se há, de fato, famílias "perfeitas", ou se só em "comercial de margarina". Acho que em todas as famílias existe um "jogo social" na época das Festas: em umas mais intenso, em outras menos. Também sinto que é estranho todo mundo se abraçando e se "amando" um dia do ano, depois de 365 sem ter visto a cara do outro, nem convivido. Deve ser por isso que eu sou TÃO OBCECADA em ter uma família, em casar: pra fazer diferente, pra constituir um lar, que me remeta aos Natais da minha infância, quando a minha avó era viva! E aqui, não me refiro a problemas com minha mãe, mas a total falta de sintonia com tios, primos, que "caem de paraquedas" na minha vida 1x por ano, e nunca mais até o ano seguinte! Enfim... o que me resta é TENTAR FAZER O MEU MELHOR, já que, esse ano, após alguns "de plantão", eu estarei em família. Estou me esforçando pra ver com outros olhos...
P.s.: Acho q o segredo é a gente tentar achar um lado positivo, pq, se a gente se prender na realidade, a autocrítica faz do convívio insuportável! Desejo que as Festas corram bem pra ti! E que tu possa te sentir bem, pelo menos um pouquinho!! (:
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