Eu sustentei muitas farsas por muito tempo, doces mentiras inofensivas que davam um ar literário, cinematográfico ou épico à minha miserável e sofrida vida. Era uma forma de alívio, de mascarar a dor e principalmente mascarar a vergonha, eu sempre tive muita vergonha da vida que eu levei como consequência da conduta dos meus pais e da forma como eles me tratavam.
Quando eu era criança, passava o tempo a imaginar situações, estórias e vidas diferentes da que eu tinha... Sempre gostei dos livros porque eles me permitiam viajar sem sair do lugar e mantinham a minha mente fértil e sempre tive muita dificuldade em desvencilhar o real do imaginário, as coisas se permeavam e me confundiam e como minha memória sempre foi fraca isso foi criando raízes cada vez mais profundas em mim.
Eu sempre gostei de imaginar, dar ares de grandeza a pequenas coisas, escrever com rimas ricas os eventos do cotidiano e como não prejudicava ninguém fui me embrenhando por esse caminho cada vez mais e mais...
Eu sempre fui teatral, desde a infância, eu gostava de encenar no espelho, criar personagens e fazer monólogos, quando cresci isso me acompanhou na escola onde as minhas redações eram sempre aclamadas, e isso foi me seguindo, me seguindo silenciosamente e começou a fazer parte de mim...
Eu sempre tive tendência ao exagero e sempre gostei de fantasiar a realidade... Porque sempre foi difícil para mim encarar a minha realidade.
"Quem é mais sentimental que eu?
Eu disse e nem assim se pôde evitar (...)
No abismo que é pensar e sentir"
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